UMA ALDEIA SÓ COM LIVROS

UMA ALDEIA SÓ COM LIVROS

Csm nac 1187 1 898dd9acae

Se perguntarem aos habituais visitantes do Folio- Festival Literário Internacional, todos
vos dirão que a ideia de transformar Óbidos numa aldeia só com livros pertenceu ao livreiro
José Pinho. Não é exacto. Quem quis criar , fora de Lisboa, uma aldeia literária com estas
caraterísticas foi o José António Ribeiro, o fundador da Livrarte , depois transformada numa
livraria, editora e galeria de arte, chamada Ulmeiro. Disseram-lhe o habitual , tás maluco da
cabeça, Zé, deu-te cedo, vai beber um bagaço que isso passa-te.

É a velha rábula. Primeiro, riem de ti, depois olham-te de lado, vão levar o assunto ao travesseiro,
finalmente, copiam a ideia. Entre a ideia e a realização, claro, passam muitos anos, negociações, e a
transformação de uma igreja numa livraria.

Um dia, quando já não estiver cá, farão uma homenagem póstuma ao “homem da ideia”, ao editor
dos escritores abrantinos José-Alberto Marques ( Nuvens, no vale) e Mário Rui Cordeiro ( Nau Eléctrica),
ao tipo que guardou entre portas o Zeca Afonso na madrugada do 25 de abril de 1974, ao dono do
Relações Públicas, o gato de cor laranja que defendeu Estaline, Lenine e Racine das mãozadas daqueles
agentes da PIDE, ao livreiro do bairro de Benfica que morreu várias vezes e ressuscitou, ao rapaz que
quis fundar o Círculo Ibero-Americano, ao homem que deu duas mãos na fundação da Assírio & Alvim
em 1970.


Partilhar: