QUINTA DA AÓNIA
QUINTA DA AÓNIA

Não é possível escrever sobre o Mar de Abrantes sem beber água na fonte da Aónia, construída
em 1556 . Fica situada como boca da quinta solarenga com capela, cuja entrada é feita pela rua das
Comissões em Rossio ao Sul do Tejo. É a Quinta da Aónia, onde vive com a família o arquitecto Castelo-
-Branco “com fachada voltada ao rio e caminho com mirante”.
Que há nesta fonte , mais antiga que a quinta, que a torna a boca de Camões e dos abrantinos ? Há
pouco tempo descobriu-se uma epígrafe , segundo o prof Joaquim Candeias da Silva , a qual contém
a designação oficial da mesma, bem nítida, e uma data: “Aónia /1556”.
A fonte é mais antiga que o morgadio. Em 1611 , foi instituído o Morgado da Ónia, de acordo com o testamento do Inquisidor Apostólico, Jorge Ferreira, nascido a 1567, onde dispõe a quantia de 8.000 cruzados para a aquisição e vinculação de “fazenda de raiz que se vender em Abrantes” especialmente daquela “que se tiver notícia que foi de meu pai, mãe, ou avós”.
Que há nesta fonte que é mais fresca que a água, mais abundante que o tempo dela havido, e mais
corrente que a história sobre ela contada ? A lenda da fonte da Ónia. Explica o citado historiador no número 34 da revista Zahra em 2019: “E, com um nome tão poético e a data contemporânea de Camões, não podemos deixar de lembrar a Aónia da mitologia grega e camoniana, bem como os famosos que o grande vate registou na sua e nossa epopeia: “Abrantes, que da fonte fria / do Tejo logra as águas abundantes “( Lusíadas, IV, 23) . (…) Para abreviar, lembramos apenas que na antiguidade havia a Fonte da Aónia , situada no monte Pindo ( Grécia), cujas águas inspiravam e faziam poetas as pessoas que dela bebessem. Daí, também, “Fonte dos Poetas”. Em Os Lusíadas ( Canto III, Est.2), a água dela era o Licor de
Aganipe”.